terça-feira, 11 de agosto de 2020

O chamado

A vacilante atenção que dou ao desejo de escrever (ou como acolho o eu-escritor) é uma questão que me incomoda bastante. Desejo mas não persevero. Um sintoma é ter começado vários textos e terminado apenas um livro que escrevi para meu filho. As elaborações que faço não conduziram a um entendimento apurado dessa vacilação. Em primeiro de julho de 2020, entretanto, um evento inesperado, marcante, atravessou essa questão, está reverberando e ainda não consigo avaliar suas consequências.

Há anos o devido acolhimento ao eu-escritor vem se arrastando, hesito em consolidar essa dimensão da minha experiência identitária. Quando não duvido e subavalio minhas competências, ataco o desejo, chamando-o de ‘fantasia estendida para lidar com a dura consciência de que se é alguém comum’. Isso revela uma representação glamorosa que fiz do escritor e péssima da vida rotineira; também pontua uma postura muito dura comigo mesmo. É algo da ordem do sequer dizer: ‘puxa, sou um escritor’ ao entrar em contato com algumas coisas que escrevo, preferindo referir a mim como diarista. Sei que há um contraditório exigente permeando a questão: assim tenho me visto desde que comecei a fazer registros, mas fazê-los sempre foi prazeroso e uma via bem eficaz para lidar com a matéria densa do viver.

“Por que lido assim com o que me mobiliza e dá prazer?”, vivo a me perguntar, sem me responder contundentemente. É uma experiência muito ruim, pois, se não consigo determinar quem sou em relação ao desejo de escrever, também não consigo ser contundente para lidar ou fazer calar vozes sorrateiras da intuição reclamando atenção ao desejo; vozes que se aproveitam de brechas abertas por pensamentos sobre o rumo que dou a minha vida para aumentar o tom. Nessas ocasiões, emerge uma péssima e arrastada experiência de insatisfação e desconforto no dia-a-dia, uma permanente sensação de não-lugar me dominando, potencializando pensamentos como: “Você realmente continuará a fazer ‘esse mesmo’ em sua vida? E o escrever? Vai lá, diga: quem é você? Cadê os papeis, lápis e canetas para a ação? Cadê o computador? Os livros, por que não os está lendo?”. 

Recentemente, depois de horas envolvido na confecção do trabalho de conclusão de curso de psicologia, me deitei para descansar e logo vieram muitos pensamentos e as sorrateiras [vozes] se fizeram presentes: “Há cinco meses você trabalha diariamente com isso, já tem quase 100 páginas. Por que não investir o mesmo e escrever uma história ou terminar uma das muitas que já começou e parou?”. Recorri à tradicional cesta de desculpas para responde-las: comecei pela defesa das demandas imediatas que emergem da vida de docente e de aluno de psicologia, passei pelas justificativas de obras e outros imprevistos em casa, para terminar com o frustrante ‘um dia, quem sabe, quando vier a aposentadoria de professor, eu me ocupo disso’. Aí é que as sorrateiras não se calaram: numa noite em que tive muitos sonhos, elas aproveitaram todas as vezes que despertei para iniciar diálogo. 

No dia primeiro de julho, essa questão sofreu uma inflexão extraordinária. Deitado para avaliar a pressão arterial, ouço o telefone tocar, mas não atendi. As chamadas continuaram e decidi que, ao terminar a medição, atenderia. Quando atendi, me deparei com uma tela diferente da tradicional: era a primeira vez que recebia ligação via facebook. Ao vir o nome João Carlos Luz na tela, me assustei e levantei na hora. Atendi e o inusitado começou: “Marco Bauhaus? É João Carlos luz!”. Ele queria saber se podíamos conversar mais, falou que estava preso em casa pela pandemia e, para fugir da rotina, começou a vasculhar quem eram os amigos do facebook que de imediato não os reconhecia. Veio uma sequência de perguntas que certamente fizeram minha pressão, que é baixa, ir às alturas: “Diz pra mim quem é você, Marco Bauhaus. O que você faz? Sabe quem eu sou? De onde nos conhecemos? Vamos lá, vamos papear um pouco aproveitando essa oportunidade que a pandemia nos faculta!” Antes que lhe respondesse, ele comentou que, devido ao nome Bauhaus, julgava que eu não fosse uma pessoa qualquer. Derivou sua fala para a escola Bauhaus, a República de Weimar, o que o nazismo havia feito com a Bauhaus e como podiam ter colocado todas aquelas pessoas incomuns para fora da Alemanha. Expliquei que Bauhaus era apelido adotado quando fui aluno do CTUR, em 1989, mas estava mobilizado pelo susto que sua inusitada aparição me deu. 

Não era uma visita qualquer: João Carlos Luz, além de grande músico, é uma especial personagem de um conto que comecei a escrever e não terminei, um dos que mais faz a alma doer quando lembro do não perseverar no desejo de escrever. Até então nos falamos apenas uma vez, em 24 de junho de 2017, na praça Nelson Mandela, em Botafogo. Ele tocava sozinho seu clarinete quando saltei do ônibus e ia em direção à padaria Le Depanneur. À época decidi que nesse dia faria um roteiro cultural por Botafogo, visitando livrarias e cinemas para extrair elementos para dar continuidade à ideia de um conto que me ocorreu no lançamento do livro ‘Despreparação para a morte’, de Roberto Bozzetti, na noite anterior, 23. Não cheguei à padaria: além da música dele chamar muita atenção, uma situação única rolava: ele tocando chorinho sem plateia e, a alguns metros dele, dezenas de pessoas participando de uma pregação religiosa e viradas na direção dele. A cena me marcou: ele mais que tocava chorinho: sozinho, disponibilizava, em praça pública e aos olhos e ouvidos de quem tivesse um mínimo quinhão de sensibilidade, um bravo ato de resistência cultural. Com coragem e simplicidade, fazia os sons da sua arma (clarinete) soar pela Nelson Mandela. A cena era chocante e irônica demais para um lugar com o nome Mandela. Decidi que participaria da resistência cultural e tentaria fazer dele uma das personagens do conto. Pedi que tocasse André de Sapato Novo, que o fez magistralmente; tocou mais algumas músicas e, ao final da sequência, compartilhei o prazer de ter participado da situação, expliquei brevemente a ideia do conto e fiz duas perguntas. Respondeu que estava ali por prazer e que eu poderia incluí-lo como personagem do conto. Elogiou a iniciativa e me passou o contato para segui-lo na rede social e informá-lo sobre o conto. 

Passados três anos, ele é quem me acorreu numa cena e contexto também chocantes e de resistência, mas lamentavelmente marcados pela covardia de uma personagem diante o próprio desejo. Assustado e envergonhado, andava pela sala e buscava palavras para dizer que não terminei o conto. Ironicamente, vi na mesa o computador e, ao lado dele, meus cadernos de registros e várias canetas, todos usados para o TCC do curso de Psicologia. Vi Rosângela tirando 'minhas armas' da mesa para colocar sobre ela o almoço. Pensei: “É o cotidiano se impondo às vacilações de quem, podendo transformá-lo, simplesmente não o faz; é sinal de que em poucos minutos eu mais uma vez me calarei com a ‘boca de feijão’ e arrastarei pela tarde a angustiante sensação de não-lugar”. 

Educadamente, João Carlos Luz ouviu as desculpas e disse: “Lembro-me vagamente dessa situação, mas por que não terminastes o conto?”. Não tive coragem para dizer que foi por covardia. Aproveitando meu silêncio, ele completou: “Então estou falando com um escritor. Quando terminar, me avisa. Quero ler”. 

Porque não é todo dia que uma personagem procura o escritor, não foi uma ligação qualquer, foi um chamado. Em verdade foi o chamado: a personagem chamou o escritor para se assumir e se autorizar na ocupação de um tempo e lugar em sua própria vida, exortou-o a pegar suas ferramentas para atender aos chamados do próprio desejo, ainda que por vezes seja necessário fazê-las de armas na resistência contra ameaças ao desejo. 

Em meio à tensa situação, buscando palavras para honrosamente agradecer, lidei com a sutil ironia do título do conto inacabado ser ‘Preparação para a vida’. Preparação para uma vida que há pouco completou três anos e vive me exigindo um efetivo começar.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Corrompido por Lucrécio, Luis Carlos, Cidinha, 14 Bis, Beatles e a Melodia-FM

Recentemente elaborei a restituição do delicado à pauta da minha vida. Vida como homem que quis ser, em contraste com o homem que meu pai, tios e o tempo deles queriam que eu fosse.

Embora eu tenha bem claro comigo alguns dos efeitos de não submeter-me à dura forja de vir-a-ser homem dos meados dos anos 80 – de ter crescido ouvindo que “filho meu não pode ser gay, ladrão, drogado ou comunista” –, ainda não tinha devidamente elaborado alguns detalhes desse processo, como o das forças que atuaram nos subterrâneos daquela bucólica Seropédica e das minhas demandas naquele momento.

Para que lançasse-me na aventura de viabilizar um jeito de ser homem mais autoral (o máximo possível autêntico, original, ainda que bem idiossincrático) foram necessários mais que meus estranhamentos e desconfortos existenciais que levaram ao conflito e à desidentificação com meu pai. Algumas forças, somadas às circunstâncias, contribuíram para que um instituído cedesse a um inusitado e atraente instituinte que, sorrateira e cuidadosamente, agiu pelas bordas naquelas teias de relações sociais e familiares tecidas (entre 1981 e 1986) no perímetro entre as ruas Tharssis e Paula, Albertina Rosa, Solange de Barros e Ana Fraga.

As palavras que aqui trago, entretanto, não darão conta do cáustico que foi essa institucionalização, do doloroso processo que fez com que um adolescente rompesse com a identificação com seu amado pai e se lançasse na aventura de viabilizar um homem diferente daquele da conhecida forja que seu meio machista oferecia. Talvez seja mais correto dizer 'institucionalização do homem que eu pude ou posso ser', algo diferente daquele que quis ser, pois, até que a noção de homem possível emergisse, tal institucionalização foi marcada pela mistura conflituosa entre fantasias, projeções e definições rígidas de como eu não queria estar no mundo e que tinham meu pai e tios como referência principal (Sim, este processo tem sua origem nos conflitos mal resolvidos do processo edipiano e que estendeu-se mais do que necessário, pois meu pai, equivocadamente, teve ciúmes de mim com sua segunda esposa, o que produziu mal estar constante entre nós até que, em 1989, eu e minhas irmãs nos mudássemos para outra casa).

De repente, no desenrolar dos conflitos da adolescência, aos 14 anos, dei-me conta de que meu pai e eu estávamos bem distantes um do outro, apesar de morarmos na mesma casa; nossa relação estava bem deteriorada. À época, emergia em mim o desconfortável sentimento de estar perdido, sem rumo ou direção na vida, e, lamentavelmente, não sentíamo-nos próximos o suficiente para amenizar isso tudo. Tanto é que não me lembro dele falando para mim sobre futuro, sobre o que eu poderia fazer ou deveria tentar fora do rígido conjunto “filho meu não pode ser gay, comunista, drogado ou ladrão” e sem a influência do seu temor de que corrompesse-me, desvirtuasse-me, e saísse do ‘caminho certo’. Lembro-me que havia nele tanto medo de que eu ficasse curioso com ‘essas coisas’, que não houve flexibilidade para perceber que eu demandava receber ou conhecer outras coisas, como as do amor, entre um homem e uma mulher ou entre irmãos ou entre pais e filhos. Demanda latente e evidente em mim, pois, hipocondríaco, medroso, gago, inculto e de baixa-autoestima como estava naquela fase, dificilmente confrontaria suas ordens e iria aos furtos ou às drogas ou aderiria a grupos ideológicos. Eu era ligado nas coisas da sexualidade, mas também muito ligado ao amor, nos dramas afetivos, e isso era visível na maneira como conectava-me com as músicas sertanejas e aos seus e aos meus dramas com a morte da minha mãe. Assim que ela se foi, dormi muitas vezes com ele e também chorei enquanto ele chorava, provavelmente por ela. Nessas ocasiões, sempre tinha ao fundo uma música tocando no rádio que raramente era desligado.

Músicas e rádios são elementos marcantes da nossa história (também na com meus tios e primos) e estão no cerne dessa institucionalização de um outro vir-a-ser homem. Alguns eventos dessa fase estão bem vívidos. Lembro-me de ver meu pai e tios tomando cervejas e ouvindo música, emocionando-se e dirigindo seus pensamentos para mulheres que parecia-me não serem aquelas que estavam na sala ao lado. Outro evento foi o dia em que eu assistia ao Gilberto Gil cantando Refazenda na TVE, e, abruptamente, meu pai veio e desligou a televisão dizendo que na casa dele não tocaria música de comunista. O cerco dele fazia-se bem sentido quando elevava as críticas às performances de Homem com H do Ney Matogrosso em programas que ele assistia.

Aos poucos, porém, a identificação que tanto tive com as músicas sertanejas e danças (como o rastapé) foram perdendo sua força. As rádios Capital e Record foram substituídas no meu gosto, primeiro pela rádio Mundial, por influência da Cidinha, que tomava conta de mim e das minhas irmãs, e, depois, pela rádio Melodia, influência dos primos Lucrécio e Luís Carlos, irmãos, que moravam a duas casas da minha; Sérgio Reis, que era o ícone da nossa convergência, foi suplantado pelos Beatles, o ícone da nossa divergência; a FM suplantava a AM na constituição da rotina da minha vida (Até que entre mim e a AM houve um reencontro por meio da minha controversa conexão com às rádios MEC-AM, CBN e Tamoio, Programa Recordações Saudade, do Jose Duba).   

Eu era bastante identificado (e ainda levo alguns resquícios) com o seu hábito de ouvir músicas sertanejas na garagem lá de casa, principalmente no final de semana, ocasião em que bebia umas cervejas e, calado, fechava-se num mundo só dele, colocava seus pensamentos sabe-se lá onde, presumidamente nas experiências afetivas que teve com minha mãe, com a trajetória da história deles. A identificação foi tanta que até hoje lembro das músicas, em especial de Cama de casal, de Chitãozinho e Chororó. Era tocar essa música e ele ficar visivelmente sensibilizado, chorando lá no fundo da garagem, perto do som, com o copo de cerveja, sem falar abertamente para mim, que por aquele espetáculo era continuamente atravessado e maculado. Essa, somada à experiência do encontro entre ele e os irmãos e amigos para tomar cerveja e se emocionar por amor, foi a minha única escola de aprendizagem do amor até que emerge o instituinte que me corrompe.

Aquelas aprendizagens sobre o amor não me faziam nada bem e, à época, achava que delas conseguiria fugir; ingenuamente, costumava dizer-me: "chorarei de alegria pela mulher que estará ao meu lado". Abri-me então à influência da Cidinha e de suas aventuras pelo amor, às histórias de como havia sido o baile no Clube Seropédica no final de semana e das músicas que eles gostavam e diziam ser a “nossa música”. Cuidando da gente e da casa, ela sintonizava o rádio na Mundial (AM-860) e adorava os programas do Alberto Brizola e do Oduvaldo Silva (show dos bairros). Quando tocava as que mais gostava, ela parava e suspirava. Eu adorava ver aquilo. Meu pai, Aloísio e Abeilardinho até criaram uma discoteca na Igreja São Benedito, em 1985, e lá aprofundei-me nessa linha, mas o forte eram músicas românticas e de discoteca estrangeiras que tocavam nas novelas.

Um dia, quando Lucrécio manobrava na esquina o chevette branco do pai, seu Nemésio, ouvi uma música que de pronto me tomou-me de assalto, mexendo bastante comigo. Lembro dele me respondendo: “é Linda Juventude, do 14 Bis, na rádio melodia, FM-91,7. É isso que você tem que ouvir”. É o marco da minha entrada no mundo FM, na MPB que não a caipira e as melosas que a Cidinha tanto gostava de ouvir o Oduvaldo Silva anunciar. Pelo Lucrécio, cheguei ao Luís Carlos, figura espetacular, apaixonado pelos Beatles e que fazia para mim uns desenhos irados de gente tocando guitarra, com umas mensagens muito loucas (que passei a colar na parede do meu quarto e ter problema com meu pai). Desenhos feitos na parte de trás de cartazes de cigarros que eu pegava nos bares ali perto. Com Luís Carlos, ouvi minha primeira música dos Beatles, Yesterday. Passei a ir direto à casa deles, para sofrimento da Dona Conceição, para ouvir os Beatles; em casa, pedia ao meu pai para ter um rádio para escutar a Melodia, afastando-me progressivamente das aprendizagens com a Cidinha e com ele.

O amor que eu queria cantar era do 14 Bis (nem tanto o dos Beatles, que virou minha banda favorita) e que tinha na música Nova manhã a principal referência. Talvez falasse-me essa música de um amar que, ainda que com pontas de dor, tivesse elaboração mais positiva da experiência, que me tirasse do fundo daquela garagem e me lançasse no mundo, em um novo dia, em uma nova manhã, enfim, em outras possibilidades de sorrir e chorar por amor que logo voltassem os envolvidos aos risos.

O instituinte estabeleceu-se e, para permanecer, exige-me um continuo processo de reelaboração de suas motivações. Tornou-se farol na formação da minha identidade, produção da minha subjetividade e navegação pela vida. Passados 35 anos, onde fui parar? Saí da garagem, estou na estrada, nesse desafio de viabilizar um ser homem em estruturas e orientações flexíveis, mais adaptativas que as do meu pai e do seu tempo. Tornei-me pai e meus filhos são os que têm a dizer algo sobre isso. Meu pai ficou naquela garagem e fez dela o seu lugar, permanecendo fiel e perseverante no que desejava para ser o homem que foi ou pôde ser: o gorilão da horda, o mítico Antônio Goulart, o Ratão, o amado Mineiro. Entre as muitas coisas que admiro nele, tem lugar especial para mim o quanto ele perseverou no desejo dele. Levo comigo a impressão de que estou perto de achar o meu ‘lugar’, um em que talvez me assente e possa lidar mais produtivamente com o perseverar no que desejo, o estabelecer regras e interdições (quem sabe a mim mesmo), o entrar em contato com os atraentes e corruptíveis instituintes e o fazer o devido luto dos destituídos. 

'Soltando as palavras nas estradas', estou a caminho e realizo que as palavras de Milton Nascimento que tanto me marcaram três anos à frente (1989) tomam outro sentido para mim. O “minha casa não é minha e nem é meu esse lugar” vai sendo ressignificado, pois aquela era mais do que minha casa -- era o meu lar -- e Seropédica é sim meu lugar. A ideia era ser o máximo possível autêntico, original e idiossincrático, mas fui atravessado pelas palavras e cenas daquela época e elas estão impressas na memória, acionando facilmente fortes emoções. Sei de cor todas as músicas que embalavam meu pai e tios, como sei as do 14 Bis, dos Beatles e do Milton Nascimento. Fica uma aprendizagem importante: ao não dar conta da importância do perseverar no desejo e de enfrentar os inevitáveis conflitos que isso faz emergir, aprendi a buscar rotas alternativas para chegar aos meus objetivos, o que tem um preço bem diferente do de preservar. Tais rotas, longas e sinuosas, trouxeram-me até os 49 anos e sei onde ficam os atalhos que me levarão àquela garagem para reconciliar-me com meu pai.


Nova Manhã - https://www.youtube.com/watch?v=zHdZi7R7Uf8

Cama de Casal - https://www.youtube.com/watch?v=GUD8JdmyDJg