Se você quiser conhecer a felicidade, empreenderá uma solitária e desafiadora jornada que o levará ao encontro de uma palavra que funciona como senha de entrada para acessar o fantástico mundo de um sentimento capaz de transformar qualquer indivíduo. Ao contrário da maioria das jornadas, esta começa em direção ao mundo das coisas e, subitamente, muda seu rumo para o mundo que habita o interior do viajante.
Em sua jornada, você primeiro encontrará felicidade no dicionário. Abra este precioso livro e continue a viagem. Nesta parte da jornada que, recomenda-se, seja gradual, moderada, você aprenderá que alegria vem antes de dor, que felicidade sempre antecede tristeza. Você também aprenderá que ela, ele, elas e eles sempre aparecem antes de você, e que juntos com você, somados, esses monossílabos transformam-se surpreendentemente em nós, um monossílabo também poderoso.
Ao encontrar a felicidade, você verá que ela pode ser lida, escrita, e, principalmente, que deve ser vivida, pois, como ensina o precioso livro, felicidade é um paroxítono que denota, de maneira acentuada, ventura, bem-estar, contentamento, um estado de espírito surpreendentemente revolucionário.
Lida ou escrita, verá você que felicidade é um polissílabo, um grupamento de sílabas, composto este de quatro consoantes e três vogais, onde algumas se desdobram para apresentar aos luso-brasileiros um sentimento que pode ser vivido a um - sozinho -, que é gostoso demais quando vivido a dois, mas que deve ser sabiamente aprendido a viver em grupo - mesmo que esse seja apenas de três -, mas que seja essencialmente um grupo. Soletrando este caprichoso encontro de sílabas, compreenderá você um pouco da força dessa senha que, conforme será verificado mais a frente, jamais deve ser falada da boca pra fora.
Ao fechar o dicionário e olhar para os lados, encontrará você um dos primeiros mistérios dessa jornada: existem aqueles que, mesmo não sabendo ler ou escrever, são felizes, vivem a felicidade. É assim porque felicidade, um substantivo feminino, devido a sua inerente fecundidade, tem o poder da luz que identifica e qualifica, em qualquer lugar, o indivíduo que mantém a preciosa substância da bem aventurança. A felicidade empresta luz ao sujeito que a contem e, principalmente, a elabora.
Ao ver como mesmo os não doutos podem ser felizes, você naturalmente sentirá a necessidade de mudar o rumo da jornada. Subitamente, a resposta sobre a felicidade deixará de estar no mundo das coisas e nas coisas do mundo, mostrando-se estar inscrita no interior do indivíduo, dentro das pessoas, de onde emerge a luz que as torna imprescindíveis. Ao partir em direção ao outro, ao dirigir sua jornada para desbravar o interior alheio para descobrir sobre a felicidade, você logo verá que dificilmente chegará a algum lugar. Sozinho, constatará você que melhor fará se se dirigir ao próprio interior para continuar a jornada para aprender o caminho da luz.
Seguindo o caminho que leva a luz, você aprenderá que felicidade não se compra, empresta ou dá, que ela é produzida. Ao saber mais sobre você, lembrará que um dia, quando não falava e tampouco escrevia, você respondia, gratuita e generosamente, ao mundo que experimentava. Quando criança, independente da nossa aparência e da do mundo que nos rodeava, exalávamos bem-estar, contentamento, tínhamos um estado de espírito surpreendentemente revolucionário, pois a todos contagiávamos. Porem crescemos, saímos para o mundo, seguimos em direção ao mundo das coisas e às coisas do mundo, atrás de respostas, sem mesmo ter aprendido a fazer perguntas.
De posse da senha, estará você de frente para a fábrica de felicidade que todos nós trazemos internamente. Você logo perceberá que a chave da fábrica da felicidade está com você próprio, e que jamais deve negligenciar sua guarda, deixando-a em qualquer lugar ou confiando-a a qualquer pessoa. Você verá que é sua a responsabilidade pela produção do bem-estar, contentamento e estado de espírito surpreendentemente revolucionário capaz de contagiar as pessoas que o rodeia. Principalmente, você aprenderá a duvidar, afastar-se e proteger-se de toda pretensa felicidade, de tudo que não tem a simplicidade como essência, enfim, de todo projeto de ser feliz que o leve justamente ao caminho contrário a jornada que empreendeu.
De posse da senha, estará você de frente para a fábrica de felicidade que todos nós trazemos internamente. Você logo perceberá que a chave da fábrica da felicidade está com você próprio, e que jamais deve negligenciar sua guarda, deixando-a em qualquer lugar ou confiando-a a qualquer pessoa. Você verá que é sua a responsabilidade pela produção do bem-estar, contentamento e estado de espírito surpreendentemente revolucionário capaz de contagiar as pessoas que o rodeia. Principalmente, você aprenderá a duvidar, afastar-se e proteger-se de toda pretensa felicidade, de tudo que não tem a simplicidade como essência, enfim, de todo projeto de ser feliz que o leve justamente ao caminho contrário a jornada que empreendeu.
Assim, ao final da jornada, solitário, sabendo-se mais rico do que nunca, aprenderá você que, por mais que ame outra pessoa, apenas poderá compartilhar as vibrações desse labor fundamental. Labor que vivido internamente, transforma o indivíduo que o pratica e o mundo que o rodeia. Então, mãos a obra, pois um novo ano, uma nova vida, começam agora! Vá, experimente saudavelmente o mundo, aprenda novas coisas, melhore ainda mais essa substância que você encerra, deixe o mundo mais feliz!
No final do filme ¨Na natureza selvagem¨ o protagonista do filme, depois dessa busca que você relata acima, escreve: a felicidade só é verdadeira se for compartilhada...De uma maneira bacana você nos ensina um caminho, eu digo, bacana, porque é simples, e ser simples é estar a um passo da complexidade. Abraços. Feliz anos novos.
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